Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, conversamos com Mércia B., supervisora da tecelagem da Vicunha em Natal, para conhecer sua trajetória inspiradora. Sua história é um exemplo de determinação, crescimento profissional e superação de desafios em um ambiente predominantemente masculino.
Desde seu primeiro dia na indústria até alcançar um cargo de liderança, Mércia enfrentou obstáculos, quebrou barreiras e provou que as mulheres podem ocupar qualquer espaço. Nesta entrevista, ela compartilha sua jornada, desafios e aprendizados, mostrando a força feminina no mercado de trabalho.
Como iniciou a sua jornada aqui na Vicunha?
Naquela época, eu estava com 20 anos, já tinha uma filha e trabalhava como empregada doméstica. Eu não conhecia a indústria têxtil, mas uma vizinha minha era funcionária na Vicunha. Ela perguntou se eu gostaria de enviar um currículo e eu aceitei. Passaram-se sete meses após o envio do currículo, mas nunca tive um retorno de uma possível seleção. Porém, exatamente no dia do meu aniversário, recebi uma ligação. Eu costumo dizer que foi um presente que recebi. Rapidamente fiz todos os testes e a entrevista com o gestor. Saí daquela entrevista sem muita esperança, pois, no setor para o qual eu estava me candidatando, só havia homens. Não me parecia que iriam contratar uma mulher para aquela função. Mas, logo que saí da sala, a recrutadora me avisou que eu havia sido aprovada e que iriam finalizar minha contratação. Foi aí que começou a minha jornada profissional.
De que forma você lidou com os desafios de sair de uma função de empregada doméstica e ir trabalhar numa indústria têxtil?
A gente sente a estranheza pelo tipo de trabalho. Tudo era novo naquele lugar. Comecei como ajudante de produção na Preparação à Tecelagem e aprendi que, na Vicunha chamamos de fio e não de linha, como eu costumava falar. Tive dificuldades, mas sempre quis mostrar para o meu líder que eu daria conta, que iria aprender. Com exceção de empurrar carretéis cheios que pesam mais de uma tonelada, o restante eu fazia igual aos colegas homens da equipe. Assim, passei 11 meses como ajudante de produção, até que surgiu a primeira seleção interna para auxiliar administrativo no PCP. Me inscrevi, estudei e passei.
Como foi o seu crescimento profissional dentro da Vicunha? De ajudante de produção até chegar à supervisão?
Passei 10 anos no PCP como auxiliar administrativo e depois assistente. Enquanto isso, havia começado o curso de Técnico Têxtil oferecido pela Vicunha. Surgiu então uma seleção para assistente do gerente industrial. Eu participei porque queria crescer profissionalmente. Na entrevista, o gerente me disse que meu perfil não era para aquele cargo, mas sim para outra função. Dois meses depois, uma amiga me falou sobre uma vaga no setor de Desenvolvimento de Produto. A coordenadora do setor queria falar comigo, pois o gerente industrial havia me indicado. Conversamos, e ela me ofereceu o cargo de assistente naquele setor.
Aceitei e aprendi muito ali. Se hoje sou líder, foi muito pelo que aprendi no Desenvolvimento. Tínhamos muito contato com a operação e com outros supervisores, o que enriqueceu muito minha experiência na indústria. Passei quase 10 anos nessa função e conquistei o cargo de analista. Foi nesse período que consegui fazer minha graduação em Logística e minha pós-graduação em Gestão de Pessoas. Depois, surgiu a seleção para supervisora da Tecelagem.
E quando surgiu essa vaga, você encarou ou teve dúvidas?
Uma pessoa me aconselhou a me inscrever, mas, na época, eu não me via como uma líder. Sempre achei que não tinha perfil para exercer esse papel. Outras pessoas ao meu redor viam um potencial em mim que eu não enxergava. Depois de tantas pessoas me incentivarem, resolvi me inscrever. Fiz a seleção e passei. Às vezes, eu comentava com uma amiga do trabalho: “acho que não duro um ano como líder”. E aqui estou, há quatro anos na liderança de uma equipe.
Quando você chegou como líder em um ambiente diferente, sentiu algum tipo de resistência das pessoas?
O primeiro grande desafio foi ser bem aceita no universo masculino, mas de certa forma me senti acolhida. Por incrível que pareça, senti mais dificuldade com as mulheres. A aceitação delas foi mais difícil. Acho que ainda existe uma competição entre o público feminino, e isso precisa acabar. Precisamos nos apoiar. Quando uma mulher cresce, as demais precisam aplaudir, e não o contrário. Mas, aos poucos, fui quebrando as barreiras que as pessoas criaram. Com educação e simpatia, fui conquistando o respeito delas.
Outra dificuldade foi meu jeito mais calmo e minha voz mais baixa. É algo natural meu. Venho de uma época em que a liderança era exercida de forma autoritária, na base da força. Hoje, não é mais assim. Aprendi na pós-graduação que, para dar um feedback, é preciso conhecer a pessoa mais de perto. As pessoas precisam me respeitar pelo que sou, e não pelo tom de voz. Ouvi muitos dizerem: “Ah, ela é muito mole, não vai impor respeito”. Mas eu não preciso gritar para ser ouvida. Falo de forma respeitosa e exijo ser respeitada de volta.
Diante das dificuldades, você já pensou em desistir?
Sim. Mas a gente respira, vai para casa, descansa e volta com tudo. Além do nosso lado profissional, temos um lado humano que, às vezes, se abala. Como gestores, lidamos com pessoas diferentes. Não podemos agradar a todos, mas devemos trabalhar honestamente para controlar situações tensas de forma justa.
Existe algum momento na sua carreira como líder que gostaria de destacar?
A resposta da equipe para mim todos os dias é algo muito importante. A forma como eles recebem minhas orientações e pedidos é o maior sinal de que estou no caminho certo. Eles confiam em mim, e isso me fortalece. Criamos laços, e acredito que isso facilita o meu trabalho para desenvolvê-los.
Como você vê as mulheres na indústria? Pelo seu olhar, houve um crescimento na participação feminina?
Houve uma grande evolução nesses últimos 20 anos. Quando comecei, era a única mulher no setor. Saí da zona de conforto e enfrentei o desafio. Hoje, vejo mulheres operando máquinas, exercendo funções que antes eram consideradas masculinas. Isso me emociona. Mais ainda há muito mais oportunidades para esse público.
Como foi equilibrar a maternidade com as responsabilidades profissionais?
Todos os dias é muito desafiador. Tenho filhos e uma mãe idosa que mora comigo. Muitas vezes, preciso separar as emoções e deixar as preocupações de casa fora do trabalho. Mas nós, mulheres, somos fortes. Mesmo enfrentando dificuldades, conseguimos desempenhar bem nossas funções, sempre com um sorriso no rosto. Mas nunca é fácil.
Para concluir, que mensagem você deixaria para uma mulher que busca uma posição de liderança?
Acredite em si, no seu potencial e nos seus sonhos. Nós, mulheres, podemos tudo! Basta acreditar, se esforçar e mostrar ao mundo do que somos capazes. Eu achava que não poderia ser líder, e hoje estou há quatro anos liderando uma equipe de 70 pessoas. Se ainda estou aqui, é porque meu trabalho vale a pena. As mulheres podem estar aonde elas quiserem!
Ela é motivo de orgulho e expiração, linda homenagem.
Tenho o maior orgulho de fazer parte da sua equipe , ela é uma líder maravilhosa , sempre respeitando o tempo de cada um , como pessoa é dona de um coração imenso e uma luz única , como pessoa e como mulher e exemplo na tecelagem de força e determinação sem perder a essência de mulher.
Grande exemplo de profissional, desejo muito sucesso
Sua história é linda e inspiradora, Mercia!! Parabéns pela determinação e superação diante das dificuldades! E, sim, nós mulheres temos a capacidade de chegar aonde almejamos!
Parabéns Mércia, você é uma mulher empoderada e fonte e exemplo de determinação e inspiração para todas nos mulheres.👏🏽👏🏽👏🏽
Que a Mércia continue sendo uma fonte de inspiração, um exemplo de perseverança e determinação. Sua história é verdadeiramente admirável!
Que legal,um exemplo,minha supervisora folguista linda🤩👏👏👏
Um exemplo a ser seguido, parabéns dona Mercia.
Homenagem merecida!
Parabéns Mércia, Pequena grande mulher , inspiração pra mim👏🏼👏🏼👏🏼
Parabéns pela história e trajetória Mercia, você é merecedora de muito mais….
Orgulho de você, nossa inspiração 🥰❤
Já tive o prazer de ser Consultora de RH de Mercia e sei o ser humano que ela é, maravilhosa. Como profissional nem se fala, ética e comprometida com resultado do negócio.
Uma inspiração para nós mulheres!
Parabéns, amiga!!! Você merece!!!!
Tenho o privilégio de trabalhar com essa mulher sensacional, dona de uma humildade e sabedoria ímpar, aprendo com ela todos os dias.
Parabéns pela história e trajetória Mércia.
Parabéns Mércia, vc é merecedora de tudo isso, que Deus continue abençoando sua vida!
Parabéns minha querida, você é uma guerreira.
Uma boa mãe;
Boa filha;
Boa esposa ;
Boa amiga e uma
Excelente profissional.
Deus te abençoe sempre.