Nossa Saúde e Segurança

Conheça os principais sinais do autismo

por Vicunha | 24 de março de 2023

Saiba mais sobre TEA e confira entrevista com Cristiano Gomes, gerente de SSMA e pai de criança com autismo

 

No dia 2 de abril, celebramos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Essa data tem como objetivo promover a conscientização e destacar a importância do diagnóstico precoce para o desenvolvimento das crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Mas o que é TEA?

O TEA é considerado um transtorno de neurodesenvolvimento. Nele, a criança pode ter dificuldade na comunicação social (com fala repetitiva, por exemplo) e mantém um interesse restrito por objetos e fenômenos. Há também a ocorrência de comportamentos repetitivos, como, por exemplo, balançar o corpo para frente e para trás, girar objetos, e o “flapping” (nome dado ao ato de balançar repetidamente as mãos).

Mas é importante frisar que há diversos graus dentro do espectro TEA e nem todas as pessoas possuem os mesmos comportamentos. Cada autista apresenta um nível de desenvolvimento diferente. Nenhum é igual ao outro e, desta forma, é necessário um cuidado individualizado. Devemos ressaltar também que o diagnóstico de TEA é dividido em níveis (1, 2 e 3).

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que cerca de 70 milhões de pessoas são diagnosticadas dentro do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Isso equivale 1 a cada 36 pessoas podem ser diagnosticadas com o TEA.  Outra informação relevante é que sua prevalência se faz maior em indivíduos do sexo masculino.

Existe cura para o TEA?

Não existe cura para o TEA. Mas existem terapias adequadas para que, desta forma, o indivíduo possa ter um desenvolvimento saudável e minimizar os traços ao longo do seu desenvolvimento. Quanto mais cedo a criança com TEA obtiver diagnóstico, melhor para que ela tenha mais chance de ter um desenvolvimento saudável e seus traços minimizados.

Cada autista apresenta um nível de desenvolvimento diferente

Sinais que podem indicar que o indivíduo está dentro do TEA

  • Dificuldade de comunicação e contato social
  • Dificuldade no contato visual. Assim, pode ser raro que nos olhem diretamente nos olhos
  • Dificuldade no uso de gestos e expressões faciais
  • Dificuldades em fazer amizades e no brincar, entender emoções e sentimentos relacionados ao outro
  • Não se interessam por coisas que as outras crianças propõem (brinquedos ou brincadeiras que não sejam do seu interesse). Por exemplo, enquanto as outras crianças brincam com peças de montar e planejam fazer um prédio, a criança com autismo usa as peças para enfileirar ou empilhar.
  • Demonstrações de pouco interesse no que outra pessoa está dizendo ou sentindo.
  • Dificuldade de entender a linguagem não verbal das outras pessoas, tais como as expressões faciais, gestos, sinais com os olhos, cabeça e mãos.

Os interesses restritos 

Além da dificuldade comunicativa, autistas apresentam também interesses limitados, repetitivos e estereotipados. Dentre eles, estão:

Alterações na sensibilidade

Também é comum que autistas apresentem certas alterações na sensibilidade, como por exemplo:

  • Sensibilidade a barulhos, cheiros, texturas de objetos ou ficar extremamente interessados em luzes, brilhos e determinados movimentos repetitivos.
  • Alteração na sensibilidade a dor. Algumas vezes, os pais descrevem quedas ou batidas que parecem não ter causado dor alguma na criança, tal como era de se esperar.
Autistas podem ter hiper ou hiposensibilidade ao ambiente

Para conhecermos um pouco sobre o dia a dia de uma família com uma criança diagnosticada com TEA, conversamos com Cristiano Gomes, Gerente Geral de Saúde, Segurança e Meio Ambiente.

Cristiano Gomes e o filho Luciano Neto, 10 anos (à esquerda) – Família Gomes (à direita)

Voga: Em que momento você descobriu o diagnóstico do Luciano Neto?

Cristiano: Costumo  dizer aos amigos que o meu filho Luciano Neto tem duas datas de nascimento: a primeira  referente à final do período de gestação; e a outra, não menos importante, o dia em que meu filho foi diagnosticado com TEA. As pessoas me perguntam o porquê disso. Eu respondo da seguinte forma: quando vamos ter um filho(a), nunca imaginamos que poderemos ter uma criança com algum transtorno, sempre sonhamos comportamentos que a sociedade nos coloca como padrão. Nós não fomos diferentes, após 2 anos de idade, começamos a observar ausência de algumas características que nos deixavam preocupados e sempre os pediatras não conseguiam diagnosticar o que meu filho realmente tinha.

Iniciamos assim uma peregrinação constante a médicos e laboratórios em busca de uma resposta às nossas dúvidas. Nunca esqueço do dia em que o Luciano foi diagnosticado com autismo. Sim, foi um dia de felicidade, naquele momento descobri que minha vida não era perfeita, mas estava prestes a se tornar… Ter um filho com autismo é que possibilitou isso! Sem o Luciano eu não seria metade da pessoa e o profissional que sou, porque tenho uma grande oportunidade… desenvolvê-lo.

De que forma a vida mudou ou precisou se adaptar a partir desse momento? Sentiram algum medo ou insegurança com a nova realidade?

Autismo não é doença. É uma condição. Desde aquele dia, realmente nosso objetivo de vida como pais sofreu uma mudança de “rumo”. Sempre tentando buscar os melhores recursos para o tratamento e desenvolvimento do Luciano. Nosso maior medo sempre foi o preconceito. E não ficamos isentos disso. O dia mais triste das nossas vidas foi quando ele foi recusado para estudar em uma escola tradicional de Fortaleza. Nunca esqueci dos rostos daquelas “profissionais de educação”.

Qual a principal lição aprendida ao mergulhar no mundo do TEA?

Nossa família aprendeu que autismo é uma palavra, não uma sentença. A atipicidade faz parte da sociedade e temos que respeitar essas diferenças. Segundo estudo americano, a cada 20 minutos, em algum lugar do mundo, uma família recebe um diagnóstico do autismo – e a cada 44 crianças em idade escolar, 1 tem uma forma de autismo. Melhorar nossos ambientes e informar bem as pessoas sobre o autismo é uma das mais eficazes formas para que famílias e indivíduos recebam o acolhimento necessário em caso de diagnóstico de transtorno do expecto autista.

“O Luciano me ensinou que todos os dias tenho que ser a melhor versão de mim para que eu possa chegar no nível dele. Eu tenho que me superar e demonstrar todo meu conhecimento da vida, cognitivo, aprendizado, comportamental… aí estarei preparado para falar algo que ele possa me compreender”.

Como a Vicunha pode apoiar famílias de seus funcionários que podem estar enfrentando esse mesmo desafio nesse momento?

Os primeiros momentos são super importantes, portanto, a Vicunha tem realizado através da área de Saúde e Qualidade de Vida a prestação a assistência à saúde e assistência social com orientações de direitos e encaminhamento a programa e benefícios do governo, além da atenção psicológica através do Pra Ser Humano.

Esse momento realizado pela área de Comunicação já consegue ser um apoio já que, por trás dessa matéria, existe um acolhimento aos familiares. Mais que a Vicunha, a sociedade deve ter empatia.

Quando você vir alguma criança com movimentos repetitivos (estereotipias) em um restaurante, shopping ou qualquer lugar público, não olhe de forma condenatória, tenha um olhar de empatia! Essa criança está, naquele momento, fazendo de tudo para se concentrar… respeite-a! Tenho certeza que qualquer um de nós (típicos), quando precisamos nos acalmar ou concentrar, utilizamos algum recurso comportamental ou externo.

Qual a mensagem final que você deixaria para famílias que tenham alguma pessoa nessa condição?

Sei dos desafios diários de ter um filho com TEA. Não é fácil, mas temos duas escolhas: ou continuamos sofrendo com o diagnóstico e perdendo cada minuto do tempo para desenvolver nosso filho, ou levantamos a cabeça e temos atitude para aproveitar cada segundo tentando fazer desse momento uma oportunidade de evolução para nosso filho.

Hoje, existem associações, ONGs, programas do governo que também podem ajudar nessa jornada. Foque no seu filho ou familiar. Ele merece cada momento investido nele. Lembrem se: os autistas têm uma pureza muito grande, aproveitem essa característica que é rara atualmente!

Quer saber mais sobre o TEA? Acesse aqui o Instituto Singular e conheça mais sobre o universo do espectro autista. Informação é a melhor maneira de combater o preconceito e buscarmos construir cada vez mais uma sociedade mais inclusiva e com respeito à neurodiversidade humana.

Sobre os direitos da pessoa autista acesse:

https://institutosingular.org/direitos-autismo/ 

Canal Autismo – O maior portal da América Latina sobre TEA

https://www.canalautismo.com.br/materiais/

Como brincar com uma criança autista:

https://institutosingular.org/brincar-criancas-autistas/

Mitos sobre o autismo:

https://institutosingular.org/mitos-autismo/

Canal do Youtube da Mayara Gaiato – Uma das maiores especialistas do Brasil sobre o tema:

https://www.youtube.com/@mayragaiato/about

 

 #TEA #TranstornoDoExpectroAutista #NossaGente #NossaSaúde

Comentários 11

  • Que matéria incrível. Pais de crianças especiais, são especiais. Meu filho tem 12 anos e à 7 anos foi diagnosticado. Meu Joao é uma anjo em nossas vidas, pois nos ensina diariamente a pureza da vida.

  • Amei essa matéria. Minha irmã é autista e pude sentir em cada palavra a transformação e aprendizado que uma pessoa com autismo gera na família. Descobrimos todos os dias uma forma linda de amar e a amamos exatamente do jeitinho que ela é. Aprendemos todos os dias a respeitar as diferenças e assim nos tornamos pessoas melhores, graças a ela que faz parte de nossas vidas. Parabéns pela matéria e pelas informações de grande utilidade que foram compartilhadas aqui. Tenho certeza que assim como eu, muitos funcionários se sentirão bastante reapresentados.

    • Que bom, nós ficamos muito feliz com feedbacks como o seu Samara e torcemos para que todas as pessoas com TEA tenham seus direitos e particularidades respeitadas.

  • E muito lindo esse trabalho

  • Uma empresa que si preocupar mesmo com tudo que ar no mundo meus parabéns vicunha

  • O meu Filho tem 10 anos..ele é autista. todo dia uma rotina diferente,é um presente de Deus pra todos nós da família nos unir..faz terapias e evoluiu muito.