Mesa redonda
Com Juliana Melgaço (mediadora), Dr. Cláudio Patrício, Helane Cruz, Desa. Regina Gláucia e Dr. Raimundo Neto
A nossa terceira mesa redonda do SSMA Summit 2025 teve como mediadora Juliana M., Coordenadora de Saúde e Qualidade de Vida da Vicunha. Os convidados foram o Dr. Cláudio Patrício, médico do trabalho, Helane Cruz, Coordenadora de Departamento De Pessoal, o juiz do trabalho Dr. Raimundo Neto e a Desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho, Dra. Regina Gláucia.
Juliana deu início à conversa recuperando algumas temáticas do dia anterior, como as alterações das normas trabalhistas, mudanças climáticas, o impacto da tecnologia e como elas nos exigem a resiliência de nos adaptarmos às mudanças. “Não tenho como ser uma profissional com excelentes habilidades técnicas sem ter também as habilidades sociais”, afirmou.
O Diretor de Ética e Defesa Profissional, o médico Dr. Cláudio Patrício, citou a frase “O trabalho nunca é neutro, ou ele adoece ou traz saúde para as pessoas”. O ambiente de trabalho é construído por todos. A empresa tem obrigações legais, assim como as lideranças, e também os funcionários. Ele falou também sobre o adoecimento mental e os principais determinantes:
“Vários fatores levam ao adoecimento. É essencial entendermos que todos nós somos responsáveis pela saúde, tanto a nossa como a dos colegas. Vários fatores podem evitar as doenças como alimentação saudável, prática de atividades físicas, psicoterapia, ambiente de trabalho harmônico, suporte na empresa e relacionamentos interpessoais felizes. Precisamos ter uma noção do adoecimento de forma global.”
Juliana trouxe uma informação importante sobre os impactos dos riscos psicossociais na produtividade que foram trazidos nas novas diretrizes sobre saúde mental em 2022 pela Organização Mundial da Saúde. Ela disse que “12 bilhões de dias úteis produtivos são perdidos por conta da depressão e ansiedade, o que resulta em quase 1 trilhão de dólares quando falamos de dias perdidos por absenteísmo.”
Helane C. foi provocada a falar sobre um tema sensível, que é o vício nas bets. Esse fator tem impactado na saúde mental dos trabalhadores. “A doença se chama Ludopatia, que é a relação do ser humano com jogos de azar”, explica. “Ainda é um desafio identificar essa doença, mas um dos principais sinais é o endividamento. E para tratarmos, o primeiro passo é falar sobre o tema, seja nos DDSSMA (Diálogo Diário de Saúde, Segurança e Meio Ambiente) ou em conversas informais com colegas e liderados.”
A Desembargadora Regina Gláucia contribuiu com o debate ressaltando que um dos principais fatores de risco de adoecimento psicossocial é a cultura da própria empresa.
“Metas inatingíveis, falta de feedback, isolamento das lideranças e competividade são extremamente prejudiciais ao ambiente de trabalho. As empresas precisam investir na reciclagem dos seus líderes, pois os funcionários precisam de transparência, diálogo e principalmente, de um líder responsável e humano.”
Regina também ressaltou a importância das organizações terem equipes de saúde ocupacionais capacitadas e canais de conduta que sejam efetivos.
Helane complementa a fala da desembargadora com os principais pontos para um local de trabalho saudável. “Para o ambiente ser saudável precisamos garantir o óbvio como uma jornada de trabalho justa, o direito à folga, ambiente de trabalho organizado, descentralizar conhecimentos e ter clareza nas minhas próprias metas”.
A mesa foi finalizada com uma fala do juiz do trabalho, Dr. Raimundo Dias, veja: “O maior desafio para as empresas na elaboração do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) é identificar os fatores de risco dentro do ambiente. O primeiro passo é ouvir as lideranças e os funcionários. Pergunte: Você gosta de trabalhar aqui? Por quê? E aí vocês irão identificar os principais riscos e juntamente com as equipes multidisciplinares elaborar as novas diretrizes”.
Agradecemos todos os presentes e os ensinamentos compartilhados.